novembro 02, 2004

e no dia dos meus anos

enquanto a alma ansiava pelo calor dos seus braços, e os meus se queimavam no calor do metal, alguém se levantou e no alto do seu metro e vinte cantou,

De manhã, que medo, que me achasses feia!
Acordei, tremendo, deitada n'areia

Mas logo os teus olhos disseram que não,
E o sol penetrou no meu coração.
Mas logo os teus olhos disseram que não,
E o sol penetrou no meu coração.

Vi depois, numa rocha, uma cruz,
E o teu barco negro dançava na luz
Vi teu braço acenando, entre as velas já soltas
Dizem as velhas da praia, que não voltas:
São loucas! São loucas!

Eu sei, meu amor, que nem chegaste a partir,
Pois tudo, em meu redor, me diz qu'estás sempre comigo.
Eu sei, meu amor, que nem chegaste a partir,
Pois tudo, em meu redor, me diz qu'estás sempre comigo.

No vento que lança areia nos vidros;
Na água que canta, no fogo mortiço;

No calor do leito, nos bancos vazios;
Dentro do meu peito, estás sempre comigo.
No calor do leito, nos bancos vazios;
Dentro do meu peito, estás sempre comigo.

Eu sei, meu amor, que nem chegaste a partir,
Pois tudo, em meu redor, me diz qu'estás sempre comigo.
Eu sei, meu amor, que nem chegaste a partir,
Pois tudo, em meu redor, me diz qu'estás sempre comigo.

Barco Negro - David Mourão-Ferreira

e os meus olhos sentiram o molhado das lágrimas, o coração bateu, mais forte.

1 Fados:

Blogger Inês cantou...

E' por estas e por outras que gosto tanto de fado.
E' por estas e por outras que gosto tanto de ser de Portugal.
E' por estas e por outras que gosto tanto da natureza humana.
E' por estas e por outras que gosto tanto...

5:18 da tarde  

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