junho 11, 2007

Não quero falar com ninguém

Não quero falar com ninguém. Não atendo o telemóvel, não respondo a mensagens.
Desculpem-me, que são poucos os que comigo se preocupam, mas não estou capaz de ouvir as mesmas palavras de sempre.
Eu sei que são bons conselhos, mas que querem que eu faça?
Saber que estou errada não altera, em nada, os meus dias, nem seca as minhas lágrimas.
Saber que não encontro em mim as forças suficientes para agir, ou não agir, ou, simplesmente, aprender a gostar de mim mesma e, portanto, ser capaz de dizer não, tudo isto me seca o ânimo, me devora a claridade, come-me o bater do coração e só reconheço a tristeza e esta sensação pungente de injustiça, uma injustiça que, de tão pesada, me tolhe todas as horas dos dias e todos os dias que estão para vir.
O amor não é cego. Qualquer tipo de amor, por muito que o digam os poetas, não, não é cego, nem surdo e, por isso mesmo, damos a quem amamos o poder de nos magoar.
Uma, e uma, e outra vez.
Às vezes, quando ando na rua e olho quem passa, tento descobrir-lhes a vida. Dou comigo a inventar histórias de amores eternos, paixões proibidas, solidões profundas, enfim, vou inventando um mundo no caminho para o trabalho, do trabalho para casa.
O Silêncio, cada dia, me cobre mais, como se fosse uma segunda pele.
Desculpem não atender o telefone, a vocês, que são os únicos que se preocupam comigo.
Desculpem, mas hoje vou fingir que vivo a vida dos outros e, assim, não terei de olhar para a minha.

by Luísa Castel-Branco in Destak

1 Fados:

Blogger Sidonia cantou...

Cara Luisa Castel-Branco, concordo que damos ao outro a possibilidade de nos magoar….mas o que seria a nossa vida se não repleta de momentos e vivência?! Se não arriscarmos não vivemos….cada lágrima, será apenas naquele dia e naquele instante, posteriormente vem a aceitação do momento presente e podemos sorrir porque VIVEMOS….Não será preferível chorar, a não viver?!

9:38 da manhã  

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