janeiro 04, 2008

Será possível gostar tanto de alguém que deixamos de ser nós mesmos?
Um dia disseram-me que havia muitos tipos de amor, que existiam muitas formas de amar e que eu iria ser feliz. Mas eu não sei lidar com os sentimentos, não me sei barrar a eles. Sou assim, impulsivo e vivo sempre no extremo do que posso ter.
Quando voltei a gostar, todo o meu corpo, habituado ao recentemente adquirido controlo das emoções, se ressentiu. Toda a minha capacidade de me controlar, de entender, de pensar foi ultrapassada por sentimentos, dúvidas e inconsistências imaginárias.
No meio disto tudo, quem me conhece dizia-me “epa… isso nem parece teu…” e não era, não era eu… era tudo o que eu não compreendia que me controlava.

Amei demais, até me sentir cortar por esse amor. Até sentir que os meus ossos, o meu sangue, o meu respirar eram parte desse amor… e nesse amor, eu era eu mesmo. As proporções que tudo isto tomou é que fugiram do controlo de ambos, fomos amando e tornando o outro parte de nós e sem saber lidar com isso, matamo-nos.
Seguindo cada um o seu caminho. Crescendo cada um no seu rumo, mesmo que de formas paralelas, eis que chego a uma porta que me decidi a abrir. De novo o sentir, de novo o querer… não soube, não consegui, não me permiti ser.

E assim, voltamos à pergunta inicial, será que é possível gostar tanto de alguém que deixamos de ser nós mesmos? Não pelo facto de não conseguir estar sem a pessoa, ou de não ser sem a pessoa… mas sim pelo facto que quando se está com quem que nos provoca todos estes sentimentos, não conseguimos abrir a nossa porta, deixando que um estranho ser tome conta de nós e nos faça agir e reagir de forma incoerente com o que somos.

Queria conseguir ser, ao teu lado. Mas não consigo…
E a tua ausência… magoa-me.