dezembro 11, 2007

petites histoires

1.
E ela pegou-lhe na mão. Levou-o suavemente para a beira do mar e sentou-o. A roupa deixou-se molhar pela espuma da imensidão e os pés, quentes, gelaram. Que estranha sensação esta, de corpo frio e peito quente. Que estranha forma de sentir, agora que não se sente.

2.
A máquina disparava de forma quase insana. A vontade de guardar aqueles momentos, de os registar tomavam conta dele. Ela continuava, com o corpo, o sorriso, as formas. Tudo nela parecia dizer para a seguir, para a adorar. E ele fê-lo. Sentiu o seu ser aproximar-se, sem que o corpo se movimentasse. As duas almas mutaram-se, entrelaçaram-se, amaram-se sem se tocar, sem que a pele de um sentisse o sabor da do outro e numa espiral metafísica nasceu o respirar de um dragão, quente e flamejante luxúria.

3.
“Que jeitoso estás, assim de fato…” e ele sorri, semi-envergonhado, permitindo-se despojar do controlo sobre os sentimentos. E ela segura-o de forma vigorosa e puxa-o para si, beija-o devagar e apenas com a ponta dos lábios, a ponta da língua tenta furar, saborear, dar a sentir a vontade de que ele seja seu.
E assim o fato dá lugar ao negro vestir, e os botões de punho substituídos por correias de cabedal que o puxam contra a parede, que o impedem de respirar. Ofegante sente-a seguir o seu peito com a ponta dos dedos. Olha-a nos olhos, que bonita é... a boca tapada, o corpo despido de desnecessária roupa, os sapatos altos de verniz e a tanga fina, preta.
O corpo estremece, tenta tocar-lhe, mas ela foge, goza com o poder que tem sobre ele. O gozo é mútuo…