novembro 25, 2004

Gaia

tu que também choras
a desconsideração dos Homens
aceita deste que foi pequeno
príncipe, um pedido.
abre em teu manto fenda
em que eu possa me esgueirar
faz-me da minha semente àrvore
para que os amantes se deitem
à minha sombra, para que eu
não perca o sentido do que é amar.
faz de mim grande e frondosa
para que se algum dia fui amado
e em meus braços encontraram
o conforto tão ansiado
possam de novo ter, em meus ramos
protecção para quando magoados.
faz de mim forte, para que aguente
o embate dos Invernos
que enquanto homem teimaram
em trazer mágoas, passem agora
por mim como leves brisas de Verão.
faz de mim suave como as cores da Primavera
forte como as do Outono,
deixa que escrevam em mim provas de amor,
do amor verdadeiro, daquele que perdura
para além da sanidade e da vaidade.
deixa-me ser pai de filhos de tua graça
deixa-me pagar com vontade o que te rogo
concede-me depressa esta benção
antes que em homem me deixe levar pela morte.